Antiácidos e antisecretores

ANTIÁCIDOS e ANTIULCEROSOS         A - Antiácidos         B - Modificadores da secreção gástrica (antisecretores)                      B1- Anticolinérgicos                      B2 - Antagonistas dos receptores H2                      B3 - Inibidores da bomba de protões                      B4 - Prostaglandinas                      B5 - Protectores da mucosa gástrica Antiácidos A - ANTIÁCIDOS Bicarbonato de sódio Bicarbonato de cálcio Hidróxido de magnésio Hidróxido de alumínio São compostos básicos que neutralizam o ácido do estômago. O seu efeito terapêutico é explicado pelo aumento do pH. São inúmeros os compostos no mercado com magnésio, cálcio, sais de alumínio, bicarbonatos, carbonatos. É impossível conhecer a sua eficácia terapêutica, tal é a variedade de associações. São medicamentos de venda livre utilizados para o desconforto gastrintestinal. Podem ser usados em SOS  na azia ligeira e, no desconforto do estômago. Se estamos a sentir azia, mastigar um antiácido é a melhor maneira de obter alívio  O magnésio pode provocar diarreia e o alumínio obstipação. Os anti-ácidos com sódio devem evitar-se sobretudo se há hipertensão.  Como atrás fica escrito podem ser úteis se estamos com azia pois neutralizam o ácido clorídrico e provocam alívio. Podem aliviar algumas queixas na Dispepsia Funcional: enfartamento, desconforto ...        São dezenas os antiácidos no mercado: o Maalox Plus não contem cálcio nem sódio (é constituído por hidróxido de alumínio + hidróxido de magnésio + simeticone) e tem sabor agradável é muito utilizado nos USA. O Kompesam que contém sódio e alumínio é muito utilizado entre nós.      Os comprimidos devem mastigar-se e são mais fáceis de trazer no bolso do que as formas líquidas.

B - MODIFICADORES DA SECREÇÃO DO ESTÔMAGO - anti-secretores

B1 - Anticolinérgicos

O Prontuário refere-os, julgo que por razões históricas, para referir a sua inutilidade nas doenças do

estômago. Sem dizer o nome  chama a atenção para o erro que é o uso do Librax@.

que associa um anticolinérgico a um ansiolítico

B2 - Antagonistas dos Receptores H2 (H2RA )

    - Cimetidina     - Ranitidina     - Famotidina     - Nizatidina Os receptores H2 encontram-se nas células parietais do estômago que produzem o ácido clorídrico. A competição dos fármacos antagonistas dos receptores H2  - H2RA - com a histamina leva a uma redução da secreção ácida. Os H2RA foram medicamentos largamente utilizados mas, nos últimos anos, os IBP (PPI) (que descrevemos a seguir) vieram ocupar o seu lugar e, hoje, quase não se usam. As indicações clínicas são:         Sintomas ligeiros do refluxo gastro-esofágico     Dispepsia funcional   Efeitos secundários: A ranitidina, a famotidina e a nizatidina tem efeitos secundários semelhantes e raros: hepatite, dor torácica e alterações renais. A cimetidina pode ser causa de ginecomastia, impotência e depressão, mas raramente estes efeitos interferem com o uso clínico. Mais importante é aumentarem a actividade da varfarina, fenitoina e teofilina. Com frequência são usados durante anos na dispepsia funcional e na doença do refluxo gastro-esofágico sem se verificarem efeitos secundários.  B3 - Inibidores da Bomba de Protões (IBP ou PPI))     - Omeprazol     - Pantoprazol     - Lanzoprazol     - Rabeprazol     - Esomeprazol Inibem a produção de ácido clorídrico e portanto aumentam o pH do estômago que atinge valores de 5.0. A verdadeira acloridria 7.0 nunca é atingida. Juntamente com o grupo de medicamentos anterior (H2 RA) constituem o grupo dos antisecretores porque inibem a secreção do estômago. As indicações clínicas são:     Sintomas do refluxo gastro-esofágico - Esofagite ligeira ou severa     Dispepsia Funcional     Úlcera do estômago e duodeno     Erradicação do H. pylori em combinação com os antibióticos.    Tratamento da úlcera péptica causada pelos AINE     Prevenção da úlcera péptica nos doentes que tomam AINE     Síndrome de Zollinger-Ellison     Profilaxia das úlceras e erosões no stress dos queimados, traumatismos cranianos... São dos medicamentos mais utilizados no mundo porque, quer a Doença do Refluxo Gastro-esofágico (DRGE) quer a Úlcera do Duodeno e do Estômago, quer a Dispepsia Funcional são entidades clínicas muito frequentes: muitas pessoas  tomam estes medicamentos diariamente ou em SOS, durante  anos, sobretudo por causa do refluxo gastro- esofágico ou da Dispepsia Funcional. Os IBP são mais eficazes quando tomados em jejum, cerca de 30 minutos antes de pequeno almoço, é nessa altura que se consegue uma melhor resposta das células parietais do estômago. Se necessário o segundo comprimido deve tomar-se entes do jantar. Tomados em SOS os IBP são menos eficazes. Efeitos secundários: Raramente aparecem cefaleias, diarreia ou outros sintomas gastrintestinais. Não se justifica alterar as doses na insuficiência renal ou hepática. Os PPI tal como outros imidazóis interferem com a warfarina, diazepam, fenitoina mas não interferem com a teofilina.  A utilização diária durante anos pode diminuir a absorção de cálcio que, pode ser causa de fracturas e de magnésio que leva a falta de força e dores musculares, em casos mais graves a tremores, confusão e desorientação. Será conveniente fazer periodicamente a determinação do magnésio (valor normal no soro 1.8-3.0 mg/dl e do cálcio (valor normal no soro 8.5-10.5 mg/dl) se tomamos os IBP durante anos e em doses elevadas. B4 - Prostaglandinas (PGE1 e PGE2) - Misoprostol É um derivado da PGE1 que promove os mecanismos protectores da mucosa gástrica e reduz a secreção do ácido. O seu uso é quase nulo. Poderá ter algum valor nos casos em que os anti-inflamatórios são absolutamente necessários apesar dos efeitos secundários: dor, erosões e úlceras gástricas Efeitos secundários:

B5 -   Protectores da mucosa

- Sucralfato É um sal que se dissocia em meio ácido que se liga ao tecido necrótico das úlceras. Em meio alcalino mantém a sua eficácia. Foi utilizado no tratamento da úlcera do duodeno antes da descoberta do helicobacter. As indicações clínicas são:       Tem sido utilizado na profilaxia da úlcera de stress mas sem provas convincentes        Enemas de sucralfato têm sido utilizadas na colite e na proctite rádica com eficácia sobre a hemorragia. - Alginato (Gaviscon) O Gaviscon além de alginato contém sais de alumínio, magnésio e sódio. O alginato é um extracto de algas que forma um gel viscoso formando uma barreira que supostamente protege a mucosa do esófago do ácido e outros conteúdos gástricos. Usa-se na DRGE para aliviar a azia e no desconforto pós-prandial mas os estudos sobre a sua eficácia não são conclusivos. Os comprimidos contêm além de 500 mg de ácido alginico, trissilicato de magnésio, hidróxido de alumínio e bicarbonato de sódio.
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