Doenças genéticas, hereditárias e congénitas
Doenças genéticas, hereditárias e congénitas
No núcleo das nossas células existem os cromossomas onde estão localizados os genes (os genes são constituídos
por ADN - ácido desoxiribonucleico). Nós temos 46 cromossomas (44+2 - estes dois são os cromossomas sexuais:
XX na mulher e XY no homem). Os homens herdam do pai 22+Y e da mãe 22+X. As mulheres herdam do pai 22+X
e da mãe 22+X.
O cavalo tem 64 cromossomas, a borboleta 380 e o trigo 42 etc. etc.
Cariotipo dum homem (22 cromossomas + YX)
Como mostra a figura os nossos 46 cromossomas estão dispostos aos pares. Um cromossoma do par vem da mãe
e outro do pai. Ao gene do cromossoma que vem do pai corresponde o gene do cromossoma que vem da mãe. Os
genes correspondentes no par, chamam-se alelos.
Um gene é dominante quando basta um único alelo para que se manifeste.
Um gene é recessivo quando são precisos dois alelos do gene para que se manifeste.
ADN - Acido desoxirribonucleico
ARN - Ácido ribonucleico
O ADN e ARN (ARNm, ARNt e ARNr) são consistidos por um açucar (pentose:desoxirribose e ribose) um grupo
fosfato e uma série de bases (Adenina, Citosina, Guanina e Timina/Uracilo)
NUCLEÓTIDO - É a unidade básica do ADN e ARN constituída por um açucar (pentose:desoxirribose e ribose) um
grupo fosfato e uma base nitrogenada.
CÓDÃO - É um grupo de três bases do ARNm em que dos 64 códões, cada um especifica um dos 20 aminoácidos
com excepção de três códões que traduzem o FIM. Ver abaixo código genético.
CROMOSSOMA - elemento essencial do núcleo celular
LOCUS - ponto preciso dum cromossoma onde se encontra um gene responsável pela transmissão hereditária de
um carácter.
GENE (dominante e recessivo) - partícula elementar dum cromossoma. É uma sequência de bases do ADN que
codifica (produzem duma maneira organizada) as proteínas. O corpo humano tem cerca de cinco biliões de células
todas com genes de ADN, com excepção dos glóbulos vermelhos que não têm genes. O homem tem 20.000 a
25.000 genes. Os genes estão no núcleo da célula mas existem genes nas mitocôndrias. Os genes mitocondriais
são herdados da mãe. Embora a maior parte das doenças genéticas estejam relacionadas com os genes do núcleo
há doenças dependentes dos genes mitocondriais.
ALELO - formas alternativas de cada gene. Um indevido tem sempre dois alelos iguais (homozigótico) ou
diferentes (heterozigótico) mas numa população com muitos indevidos pode haver um gene com centenas de alelos
GENÓTIPO - conjunto dos genes existentes nas células dum organismo.
FENÓTIPO - conjunto de caracteres aparentes, observáveis de um indevido relacionados com o genótipo
GENOMA - conjunto dos cromossomas de dum gâmeta. Na espécie humana o genoma é formado por 23
cromossomas. O genoma compreende a totalidade do ADN do organismo. O projecto para decifrar o genoma
humano começou em 1990 e terminou em 2003.
MUTAÇÃO - mudança brusca e permanente de um ou mais caracteres hereditários.
CÓDIGO GENÉTICO -
O código genético estabelece-se a partir das quatro bases do ARN (UCAG) e é universal isto quer dizer que todos os
seres vivos usam o mesmo código genético. o lagarto, o homem e o sobreiro têm o mesmo código genético. A excepção
a essa regra ocorre mas mitocôndrias. Vários codões do ARN mitocondrial codificam aminoácidos diferentes dos
codificados por iguais codões do núcleo.
Esta tabela reproduz o código genético que estabelece a correspondência entre os 61 codões (tripletos) que
codificam os 20 aminoácidos que irão formar as proteínas e 3 codões que sinalizam o final da proteína. A maioria
doa aminoácidos pode ser especificada por mais de um codão, por isso, se diz que o código genético é
redundante. Mas um codão codifica sempre o mesmo aminoácido.
COMO SE FORMAM AS PROTEÍNAS?
Dentro do núcleo da célula, dá-se a replicação do ARN antes da
antes da divisão celular. A dupla cadeia do ADN vai fazer a
a transcrição para o ARNm (ARN mensageiro) que sai
do núcleo pelos poros da membrana nuclear. Nos
ribossomas do citoplasma o ARNr (ARN
do ribossoma) adapta o aminoácidos transportados pelo
ARNt (ARN de transferência) aos codões do mARN e dá-se
a tradução. Vão-se formando as proteínas de que
precisamos para a nossa constituição e para as reacções bioquímicas
da nossa vida. Tudo tão simples? É um processo muito
complexo que demorou dezenas de anos a ser decifrado e
está na origem da atribuição de quase 20 prémios Nobel.
DOENÇAS:
DOENÇAS ADQUIRIDAS são doenças que adquirimos depois do nascimento sem as herdarmos dos nossos pais.
São a maior parte das doenças genéticas.
DOENÇAS CONGÉNITAS são doenças que já existem quando nascemos. A alteração dá-se durante a vida intra-
uterina e, podem ou não, ser doenças hereditárias. A estenose hipertrófica do piloro é uma doença congénita
mas não é hereditária. As doenças hereditárias são todas congénitas, mas, podem só se manifestar, na idade
adulta.
DOENÇAS GENÉTICAS NÃO HEREDITÁRIAS
Nas doenças genéticas estão implicadas modificações do ADN. Todos os cancros são doenças genéticas mas
poucos cancros são hereditários.
DOENÇAS CROMOSSÓMICAS
• é anormal o número de cromossomas (todos conhecemos a trissomia do par 21)
• anomalia de estrutura ou por deleção ou por translocação ou por inversão ou por duplicação,
DOENÇAS HEREDITÁRIAS: são doenças transmitidas dos pais aos seus descendentes pelos genes
•Autossómica dominante
•Autossómica recessiva
•Ligada ao cromossoma X dominante
•Ligada ao cromossoma X recessiva
•ligada ao ADN mitocondrial - o ADN mitocondrial herda-se apenas da mãe, localiza-se fora do núcleo e tem 37
genes. A mutação de genes mitocondriais está relacionada com várias doenças.
•doença epigenética - alterações na expressão de um gene sem modificações na sequência de bases do DNA
DOENÇAS MULTIFACTORIAS (genéticas + factores ambientais)
PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS CONGÉNITAS E GENÉTICAS
•Doenças congénitas
•3 - 5 % de todos os nascimentos têm malformações congénitas
•30 - 50 % das mortes pós-nascimento são devidas a malformações congénitas
•18 % dos internamentos em pediatria são crianças com malformações congénitas
•Doenças genéticas
•0.5 % de todos os nascimentos têm uma anomalia cromossómica
•7 % de todos os abortos têm anomalias cromossómicas
•11 % das admissões hospitalares são crianças com doenças genéticas
•12 % das admissões em hospitais de adultos são devidas a doenças genéticas
•15 % dos cancros têm uma susceptibilidade hereditária
•10 % das doenças crónicas dos adultos têm componente genética
DOENÇAS HEREDITÁRIAS DO APARELHO DIGESTIVO
ESÓFAGO
•A tilose palmo-plantar com carcinoma de esófago (Síndrome de Howel-Evans) - doença muito, muito rara,
autossómica dominante devida a uma mutação do gene RHBDF2 localizado no cromossoma 17. (tilose significa
calosidade ou hiperqueratose)
ESTÔMAGO
•Cancro Hereditário Difuso do Estômago - cancro muito raro (em Portugal é conhecida uma família)
FÍGADO
1.Doença de Gilbert - autossómica dominante
2.Hemocromatose hereditária (primária) - autossómica recessiva
3.Doença de Wilson - autossómica recessiva
4.Alpha-1 antitripsina - autossomica recessiva
5.alfa1-antitripsina - autossómica recessiva
PÂNCREAS
Pancreatite crónica hereditária
Fibrose quística
INTESTINO DELGADO
Deficiência de lactase
Doença celiaca
INTESTINO GROSSO
1.Polipose adenomatosa familiar (PAF ou FAP*) gene APC
.Variantes da FAP
▪Síndrome de Gardner
▪Síndrome de Turcot
▪PAFA ou FAPA (polipose adenomatosa familiar atenuada)
2.Polipose MutYH (gene MUTYH)
3.Síndrome de Peutz-Jegers (gene STK11)
4.Polipose juvenil (gene SMAD4/MBPR1a)
5.Síndrome de Cowden (gene PTEN)
6.Síndrome de Lynch (genes reparadores do ADN: hMLH1, lMSH2)
DOENÇAS CONGÉNITAS DO APARELHO DIGESTIVO - as mais frequentes
Congénito quer dizer que está presente no nascimento, pode não ser, nem genético nem hereditário.
Atresia do esófago 1/2500 nascimentos
Estenose do piloro 5/1000 nascimentos homens e 1/1000
nascimentos mulheres
Atresia do duodeno
Doença de Hirschsprung 1/5000 nascimentos
Ânus imperfurado 1/5000 nascimentos
Gregor Johann Mendel (1822-1884) foi um frade austríaco que na quinta
do
seu convento realizou uma série de experimentações com ervilhas que, lhe
permitiram em 1865, expor os seus resultados. As suas conclusões
embora, na altura, não tenham recebido nenhum reconhecimento vieram,
mais tarde, a revelar-se como sendo os fundamentos da genética.
Doenças genéticas, hereditárias e congénitas