Fígado gordo
É frequente, quando fazemos uma ecografia, verificar-se que temos esteatose, que temos fígado gordo.
O fígado gordo não alcoólico (FGNA) é a alteração crónica mais frequente do
fígado no mundo ocidental, atingindo cerca de 30% da população adulta e
cerca de 9 % dos adolescentes.
Felizmente a maior parte das pessoas tem uma afecção benigna chamada
esteatose simples mas, cerca de 2,5 % têm, esteatohepatite não
alcoólica, afecção que pode evoluir para fibrose, cirrose e cancro do fígado.
Há afecções causadas pelo álcool semelhantes a estas, mas nestas o
paciente ou não bebe álcool ou bebe quantidades mínimas: < 20g/dia se for
mulher ou < 40g/dia se for homem.
QUAL A CAUSA DO FÍGADO GORDO NÃO ALCOÓLICO?
A causa exacta é desconhecida mas, há uma associação evidente com a
obesidade, a diabetes tipo 2, a dislipidémia (HDL<40mg/DL), a resistência á
insulina - todos estes factores fazem parte do síndrome metabólico.
COMO SE DIAGNOSTICA O FÍGADO GORDO?
Na maior parte dos casos o fígado gordo é assintomático descobrindo-se a
sua existência numa avaliação de rotina em que foi pedida uma ecografia. Trata-se
quase
sempre duma pessoa obesa.
As análises ao fígado, transaminases e gama GT pouco ajudam. Mesmo em fases avançadas da esteatohepatite as
transaminases podem ser normais. As análises ao fígado (transaminases e gama GT) não permitem distinguir entre
a esteatose simples e a esteatohepatite. A ecografia e as outras técnicas de imagem também não ajudam. Só a
biopsia do fígado permite afirmar o diagnóstico e fazer o estadiamento mas, é um exame demasiado agressivo
numa doença sem tratamento específico.
TRATAMENTO DO FÍGADO GORDO NÃO ALCOÓLICO
A mudança dos hábitos de vida e dos hábitos alimentares nos últimos anos, predispuseram a um aumento da
obesidade e da diabetes cujas consequências incluem, entre outras, o fígado gordo. A base do tratamento deve
incidir na modificação do estilo de vida promovendo o exercício físico (cerca de 30 minutos por dia) e uma
alimentação com poucas calorias. A redução do peso é mandatória.
A dislipidémia deve ser tratada com as estatinas mas não têm efeito sobre o fígado.
No tratamento da diabetes utiliza-se a metformina que não melhora a esteatose nem a inflamação nem a fibrose do
fígado.
A vitamina E dada em dose elevada - 800mg/dia - durante muito tempo melhora a esteatose e a inflamação mas não
a fibrose.
A cirurgia bariátrica (balão gástrico ou bypass) pode ser necessária, se não for possível baixar o peso, por meios não
cirúrgicos.
O transplante do fígado pode ser necessário se houver ascite e evolução para cirrose.
QUAL O PROGNÓSTICO DO FÍGADO GORDO NÃO ALCOÓLICO?
O prognóstico do fígado gordo simples (esteatose simples) é bom. Menos de 3 % das pessoas com fígado gordo têm
esteatohepatite não alcoólica que pode ter um mau prognóstico. Cerca de 10-15% das esteatohepatite não alcoólica
evoluem para cirrose nos 10 anos seguintes.
OUTROS SITES:
Em Inglês no NIH: Nonalcoholic Fatty Liver Disease & NASH
Aspecto do fígado normal
Aspecto do fígado gordo
FÍGADO