Estômago
O estômago tem aproximadamente a forma dum J e para melhor
localizarmos as lesões dividimo-lo em 3 partes:
•
O fundo do estômago que é a porção mais alta
•
O corpo do
estômago - porção do
estômago entre o
fundo e antro.
•
O antro que vai do
corpo do estômago até
ao piloro
A porção inicial do
estômago logo depois do
esófago chama-se cárdia. Através do piloro o estômago comunica
com a parte inicial do intestino delgado - o duodeno. Piloro vem do
grego pilorus e, é aquele que guarda o portão. Duodeno quer dizer
que mede 12 dedos, os 12 dedos do médico grego Herófilo (335 a. C
-280 a. C), o primeiro anatomista, segundo a tradição.
COMO FUNCIONA O ESTÔMAGO?
Funções do estômago:
- digestão
- acidificação
- função mecânica
- Formação do quimo
- absorção
O estômago tem sobretudo uma função mecânica. Faz o
armazenamento dos alimentos e, através de movimentos de vaivém,
mistura-os e transforma-os em pequenas partículas. O estômago tem
também funções de secreção.
A face interior da parede do estômago é coberta por uma mucosa que
contêm células especializadas na secreção de várias substâncias: nos
dois terços superiores do estômago essas células da mucosa
segregam umas, ácido clorídrico (HCl) e factor intrínseco (células
parietais) e outras pepsinogénio (células principais). O pepsinogénio
na cavidade gástrica, por acção do HCl, dá origem à pepsina, um
enzima com funções na digestão. No terço inferior do estômago, que
corresponde ao antro, as células da mucosa segregam gastrina (células G). A gastrina é uma hormona que estimula
as células parietais do corpo do estômago a produzir ácido clorídrico. O ácido clorídrico baixa o pH do estômago para
valores que são necessários para servir de barreira às bactérias. O Helicobacter pylori, uma bactéria patogénica que
vive no estômago, arranjou mecanismos para se defender do ácido.
A digestão começa na boca por acção de duas enzimas, a amilase e a lípase, que transformam o amido e as
gorduras e, continua no estômago por acção da pepsina que transforma as proteínas. A maior parte da digestão é,
no entanto, feita no intestino delgado pelas enzimas do pâncreas, pela acção detergente da bílis e, pelas enzimas da
mucosa do intestino delgado.
Com excepção do factor intrínseco, que é necessário para que a absorção da Vitamina B12 seja possível no intestino
delgado, as outras secreções do estômago são pouco importantes para a digestão normal. Podemos viver, uma vida
com boa qualidade, sem estômago.
EM RESUMO:
Células principais
Pepsinogénio
Fundo gástrico
Células parietais
HCL e Factor intrínseco
Fundo gástrico
Células foveolares
Muco
Fundo, corpo e antro
Células G
Gastrina
Antro
Células D
Somatostatina
Antro
Células Entero-cromafins like
Histamina
Antro
Epitélio colunar
Muco alcalino
Fundo, corpo e antro
QUAIS AS DOENÇAS DO ESTÔMAGO?
As doenças do estômago, com expressão clínica são:
- a Dispepsia Funcional (de longe a afecção mais frequente do estômago),
- a Infecção pelo Helicobacter pilory - assintomática. (Dispepsia Funcional?)
-a Gastrite causada pelo Helicobacter pylori é, a lesão mais frequente do estômago, em Portugal atinge cerca de
80% dos adultos mas, habitualmente, não causa sintomas.
- a Úlcera do Estômago e a Úlcera do Duodeno (embora o duodeno não faça parte do estômago, as úlceras são
sempre estudadas em conjunto).
- a Gastropatia Erosiva ("Gastrite" erosiva) quase sempre associada à aspirina e aos anti-inflamatórios.
- o Cancro do Estômago aparece sobretudo depois dos 50 anos. Sabemos que há uma relação entre a bactéria
Helicobacter pilory e o cancro do estômago, não temos dúvidas que algumas pessoas, raras, desenvolvem cancro do
estômago na sequência duma infecção persistente. Mas, essa relação, é tão difícil de perceber que foi controversa a
votação, na Organização Mundial de Saúde, que considerou o Helicobacter capaz de causar cancro.
Outras doenças do estômago são pouco frequentes: tumores benignos, volvo do estômago, gastrite auto-imune,
gastrites específicas, doença de Ménétrier, doenças vasculares, divertículo do estômago, bezoares, estenose
hipertrófica do piloro.
COMO SE DIAGNOSTICAM AS DOENÇAS DO ESTÔMAGO?
A endoscopia alta é, hoje, a técnica mais utilizada para observar o estômago. O estudo radiológico do estômago
passou a realizar-se muito menos desde que na década de 70, apareceu a endoscopia. A endoscopia permite, não
só, observar e fotografar as lesões do estômago, mas também, colher fragmentos para exame histológico, colher
fragmentos para pesquisar o Helicobacter pylori e, realizar várias técnicas terapêuticas: tratamento de lesões
sangrantes, extracção de pólipos, extracção de corpos estranhos etc.
Mucosa do estômago
ESTÔMAGO